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por IDMJRACIAL

A Iniciativa Direito a Memória e Justiça Racial esteve durante a semana de 4 a 10 de outubro nos EUA participando do Congresso Internacional Geografias Negras Globais na Universidade de Rutgers. Além desta agenda, estivemos com nosso coordenador executivo Fransérgio Goulart no Brooklin, no Hunterfly Road Houses e no Harlem onde tivemos contato com a população negra e o legado dos Panteras Negras e do movimento cultural negro.

O Congresso Internacional Geografias Negras Globais teve como um dos objetivos estabelecer o diálogo entre os conhecimentos diversos produzido por uma série de atores e atrizes, de movimentos e organizações sociais a pesquisadores/as das universidades. O Congresso teve a participação do Brasil com Movimentos Quilombolas, Movimento de Favelas RJ, do Coletivo Mulheres de Pedra, Negram/Ippur/UFRJ, MST e da Iniciativa Direito a Memória e Justiça Racial – Baixada Fluminense-RJ, da Guiana com Red Thread Collective, Haiti com Haiti Mining Justice Collective e dos EUA com as Universidades de Rutgers, Minnesota, Califórnia Irvine, da Flórida e do ativista Russell Shoatz III, filho do grande Pantera Negra Russell Marroon Shoatz e da Colômbia com a Artivista Alixa Garcia.

O Congresso debateu  o que são geografias negras e os temas: economias e ecologias negras e abolição durante os dias 5 a 08 de outubro na Universidade de Rutgers.

Para Fransérgio Goulart da IDMJRACIAL o Congresso consolidou que ainda precisamos pensar em uma Pluriversidade Popular em vez de Universidade. 

Outro ponto destacado por nosso coordenador foi que em todas as mesas e nos outros espaços que estivemos circulando nas cidades, os conceitos de abolição e liberdade são falados incessantemente e fazem parte da bandeira de luta dos movimentos negros , passando pelos movimentos que lutam pelo fim das polícias e prisões ao de saúde sexual reprodutivo. Por fim, nosso coordenador destacou a importância da oralidade e dos nossos segredos em relação à Universidade como estratégia de resistência.

“Devemos tomar cuidado com a Universidade Ocidental Branca, Cristã, Heteronormativa e Patriarcal quando por vezes dialogamos de fora ou quando mesmo estamos dentro das Universidades, pois a Universidade quer de verdade sugar nossos conhecimentos para manter sua hegemonia.” ( Fransérgio Goulart )

O Congresso também trouxe a marca da religiosidade, espiritualidade e produção de memória como dispositivos de proteção e cuidado.

No Brooklin estivemos no Museu Hunterfly Road Houses, que são casas que datam de 1840-1880, remanescentes históricos de uma vibrante comunidade afro-americana em Weeksville durante esse período. O memorial é composto por 4 casas que servem como um portal para a vida do século XIX em Weeksville. A cidade foi fundada por James Weeks, um ex-escravo da Virgínia, quando ele comprou a propriedade de outro negro livre, Henry C. Thompson, em 1838, Weeksville cresceu rapidamente como uma área urbana financeiramente auto-suficiente de afro-americanos e serviu durante os motins do Draft como um refúgio seguro para os afro-americanos que fugiam de Manhattan.

Fransérgio Goulart diz que ao entrar dentro das casas que sentiu por várias vezes a presença de negros que construíram aquelas casas e a cidade,foi algo forte de mais. Destaca que por mais que o capitalismo e a supremacia branca tenha tentado destruir esta memória negra a partir do sec. XX, ela resistiu, e hoje é um dos acervos da resistência negra no Brooklin.

No Brooklin estivemos também no Museu do Brooklin e deixamos bem encaminhado com a curadora Adjoa Jones de Almeida uma exposição internacional – Brasil(Favelas, Baixada e Quilombos)e EUA sobre militarização e Resistência para 2024.

Nosso tour final foi no bairro do Harlem em NY, onde a partir do diálogo com negros(as) soubemos da tentativa do  apagamento da história de um dos maiores Festivais Culturais do mundo, o Festival Cultural do Harlem que mobilizou mais de 300.000 mil pessoas no mesmo tempo que acontecia o Festival de Woodstock, este com todo o destaque. O Festival do Harlem consistiu em garantir o poder e conscientização das pessoas sobre a importância do orgulho negro. Nesse sentido, o “Festival Cultural do Harlem” se colocou como um dos pontos altos da intelectualidade negra. Entre as convidadas se destacou a cantora Nina Simone, que esteve nas trincheiras na luta pela liberdade das pessoas negras norte-americanas. 

O show de Nina Simone no “Festival Cultural do Harlem” entrou para a história como um dos melhores momentos de sua carreira. O ponto alto foi quando Nina tocou “Revolution” (revolução em tradução livre), canção que toca na ferida dos problemas sociais provocados pelo racismo. 

O evento quase não aconteceu pela negação da polícia racista de fazer a segurança do evento, mas ao final o Festival teve a melhor segurança de todas, a da turma revolucionária dos Panteras Negras

Toda essa viagem da IDMJRACIAL pelos EUA, ratificou que estamos no caminho certo ao produzirmos a luta pela abolição em consonância com a construção de nossas memórias, pois o Estado Capitalista Racializado só tem a nos oferecer apagamentos e produção de mortes.

Se os Estados Nacionais internacionalizam o terrorismo de Estado, nós internacionalizamos as lutas, resistências e produções de memórias.

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