
Por IDMJRacial
Dentro dos marcos do capitalismo, a democracia e seu processo eleitoral, bem como, todo aparato institucional do Estado se apresenta com uma face de mediação dos conflitos sociais resultante das tensões capital-trabalho e tentam nos convencer na possibilidade de uma neutralidade e na busca de um bem comum. Entretanto, a partir das reflexões das teorias críticas do Estado, compreendemos que o Estado é uma máquina de violação e que atua orientado pelos interesses do capital privado da fração do bloco de poder que está no domínio deste Estado.
Na realidade, o processo eleitoral na democracia representativa burguesa trata-se de qual grupo político vai ascender ao poder para garantir e dar continuidade ao o aumento dos lucros dos grandes empresários e banqueiros em detrimento dos direitos dos trabalhadores, independente da orientação política e ideológica, no final a classe trabalhadora continuará sendo expropriada.

Na conjuntura atual, temos a direita com a representação fascista e por outro lado, os ditos progressistas fantasiados em uma política de representatividades, que na realidade também trata-se de uma continuidade de uma hegemonia branca pautado na conciliação de classes.
Assistimos a vários partidos tentando convencer a classe trabalhadora que o processo eleitoral pode resolver os atuais problemas estruturais e históricos de fome, miséria e violência. O que na realidade é uma grande farsa. Pois, independente de partido A ou B, e seus diferentes vieses ideológicos, o que prevalece são os anseios de lucratividade do capitalismo.
O que temos na eleição atual é a continuidade de um projeto que defende o militarismo como ferramenta de manutenção da ordem e da acumulação de riqueza, que se aproveitaram da insatisfação popular e chegaram ao poder. Ou, o já experimentado projeto de conciliação de classes que tenta amortizar as perdas de direitos sociais ao mesmo tempo que também continuará impulsionando o agronegócio e sua bancada da bala, do boi e da biblía.
Nesta breve análise, nos deteremos sobre a questão da segurança pública. Enquanto o campo conservador e de direita foca sua atuação no debate de fortalecimento institucional das policias, os ditos progressistas repetem o mantra do investimento em inteligência na área de segurança pública que no final é bem parecido com os interesses da direita: o aumento do material bélico e o policiamento ostenstivo.
Em uma entrevista recente, o candidato Marcelo Freixo (PSB), chegou a defender que as operações policiais continuem e quando perguntando o que seria excepcional, dialogando com a conquista de movimentos e organizações sociais pela ADPF 635, que conseguiram a suspensão das operações policiais, respondeu que quase tudo é excepcional.
O discurso da direita e dos ditos progressistas com raras exceções sobre a política de drogas é pautado na moral cristã, com metodologias diferentes, mas com princípios semelhantes. Caso, a direita vença com Cláudio Castro (PL), a política da milicialização e produção de morte continuará, caso os ditos progressistas vençam o retorno das polícias de proximidade que tanto geraram desaparecimento forçado, mortes e controles sobre corpos negros nas favelas com as UPPs deverá retornar junto com a farsa da incorporação de novas tecnologias para o suposto enfrentamento à criminalidade.
No cenário legislativo, se antes a bancada da bala em articulação com a bancada cristã aumentou e se fortaleceu, isto deverá se ampliar no próximo ano. Segundo levantamento da IDMJR temos 212 candidaturas de militares nesta eleição, o Rio de Janeiro é o estado com maior número de candidatos oriundos das forças armadas.
Pensando em 2023 , o atual Procurador Geral de Justiça do Ministério Público do Rio de Janeiro, Luciano Mattos, deverá ser reeleito, com ele vivemos o fim do Gaesp e a potencialização da ausência do controle externo das polícias.
Com esse cenário podemos afirmar que podemos até mudar algumas peças, mas o capitalismo seguirá produzindo mortes e encarceramento em massa e a continuidade da alavanca contemporânea de lucratividade para este modo de produção de vida: a militarização.
Nós, da IDMJR, acreditamos na necessidade de construir o que Angela Davis apresenta em seus escritos, uma Democracia da Abolição, que perpassa pelo fim de todas as instituições opressoras e produtoras de morte do capitalismo.
Sabemos que ao final deste texto virá a pergunta: mas, como faremos isto? E, acreditamos que já estamos fazendo ao produzir reflexões como essas, ao dialogar com os nossos cotidianamente e potencializar o ódio da classe trabalhadora sobre as polícias.
A atuação principal para a construção da Democracia da Abolição é ter coragem de enfrentar e derrubar as estruturas opressivas e tacanhas do capitalismo e não as superficialidades da pós-modernidade que tentam cooptar nossas pautas e sonhos de luta. Seguiremos.