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Por Equipe IDMJR


Desde o dia 07 de janeiro em que foi anunciada a criação do destacamento da Polícia Militar através uma proposta legislativa do Deputado Estadual Márcio Canella (MDB) – que possui sua base social de votos em Belford Roxo, a população está sofrendo cotidianamente com uma megaoperação policial para a instauração deste destacamento em Roseiral.

Ressalta-se que a implementação do destacamento da PM apenas ocorreu após a visibilidade na imprensa sobre o desaparecimento dos 3 meninos em Belford Roxo. Moradores e moradoras do Complexo do Roseiral em Belford Roxo a partir do argumento do Estado, de implantação de um destacamento de polícia no território, vem sofrendo com operações policiais, chacinas e tiroteios ininterruptos, já que a megaoperação policial se desdobrou em conflitos cotidianos entre milícias e o varejo de drogas para a disputa do domínio local.

A IDMJR ressalta que já são 100 dias ininterruptos de uma megaoperação policial para implementação de um destacamento de Policía Militar. No total, foram 26 operações policiais, 28 registros de tiroteios e 03 chacinas que resultaram em mais de 30 pessoas assassinadas.

Essas violações vem acontecendo e desrespeitando a liminar de suspensão das Operações Policiais expedida pelo Ministro Faccin do Supremo Tribunal Federal que proíbe operações policiais durante a pandemia de Covid-19.

Nós, da IDMJR, construímos o calendário das mortes em Belford Roxo como mais um dispositivo de denúncia. Todas as informações foram sistematizadas a partir do monitoramento das redes sociais da Polícia Militar, mídias sociais locais do território e também através de relatos recebidos pelo ZAP Denúncia (21 99998-0238).

Um dos municípios mais afetados com operações policiais nesses 10 meses de execução da liminar do STF,  Belford Roxo foi o municípios que mais registrou operações policiais, com 90 operações no total. São áreas que as frações das milícias estão disputando com o tráfico para obter o domínio e a lucratividade do território.

A Polícia Militar em suas redes sociais não informa o real número de assassinatos que ocorreram devido a esta megaoperação. O levantamento de operações policiais que a IDMJR realiza é a partir da mineração de dados de fontes oficiais da Polícia Militar, o que apenas ratifica que há subnotificações em toda atuação policial. É possível observar isso, quando confrontamos as informações oficiais do Estado com os relatos de moradores que convivem com uma rotina de terror e medo.

Mitigar a produção de morte no Brasil , sobretudo em territórios como a Baixada Fluminense requer a construção a médio e longo de ações que caminhem para o Abolicionismo das Polícias, concomitantemente com o fim do capitalismo estruturado no racismo e no patriarcado.

As denúncias que a IDMJR fez a ONU e a Comissão Interamericana dos Direitos Humanos² sobre a produção da morte em Belford Roxo só foi possível pelo diálogo estabelecido com moradoras de Belford Roxo e o não aceite mais do SILENCIAMENTO como sobrevivência.


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