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Por Monique Rodrigues

A juventude na Baixada Fluminense é um canal efervescente de diálogo e reorganização da luta histórica contra as opressões sociais e raciais. Impostas pelo Estado brasileiro, a ausências de todo tipo de serviço e espaço público de qualidade, reverberam na maneira como as periferias excluem a importância desses mesmos jovens no processo de reflexão acerca do desenvolvimento dos territórios em que estão inseridos. 

A Iniciativa Direito à Memória e Justiça Racial bateu um papo com a TRUPE DO M.E.R.D.A (Movimento em Razão da Arte) uma galera que se juntou em Nilópolis para produzir diálogo por meio das artes, e que tem agregado possibilidades efetivas de ressignificação das violências de Estado nesses territórios. 

IDMJR – Uma das coisas que conversamos muito enquanto Iniciativa é como se daria a relação de segurança pública com o debate de acesso a cultura. Produzimos boletins de contranarrativas sobre violência de Estado analisando a Baixada, e as populações negras na baixada. Haja vista, que uma parcela importante de verba pública que era destinada a Cultura foi remanejada para a segurança pública no Governo Witzel. E aí, como está a situação da galera na cultura que faz o debate sobre as questões de violências? Afinal, estamos em território muito delicado. Como o impacto da segurança pública chega? Como vocês enquanto jovens pensaram essa possibilidade de realização artística, proposta pela Trupe, dentro dos territórios da baixada, para debater questões urgentes em nosso cotidiano?

Rita – A TRUPE nasceu de um espetáculo da formatura da Escola Municipal de Teatro de Nilópolis, de um texto do Millôr Fernandes, Liberdade Liberdade. O Grupo Código, que é um grupo da Baixada Fluminense, de Japeri, escreveu uma adaptação desse texto do Millôr que chama Censura Livre, essa turma montou como espetáculo de formatura, e aí inclusive, no espetáculo de formatura eram mais de vinte atores, e eles foram sendo convidados a remontar, remontar. No fim das contas, uma das últimas apresentações, 2013 para 2014, a gente falou, agora chega, dois ou três meses apresentando o Censura, a gente quer continuar fazendo isso. Essas dez pessoas quer continuar se vendo, e a gente quer continuar fazendo o que a gente nem sabia exatamente o que era. E a gente sentou em uma barraca de batata frita, lendária no calçadão de Nilópolis, pra pensar o que era aquilo, porque a gente estava tão feliz de ter feito aquela peça, aquele texto, como era legal, como um monte de gente tinha aproveitado e escrito cenas novas para aquele texto. Como aquilo fazia muito sentido para a realidade, falar sobre tipos de liberdade, que é o que o texto fala. Como aquilo fazia muito sentido pra gente, e aí a TRUPE nasceu naquela mesa de batata frita, com o nosso acordo coletivo ali de que a gente continuaria fazendo teatro com viés histórico político, que a gente nunca deixaria de estudar pra fazer o que a gente queria fazer. Então antes de toda e qualquer cena que a gente apresente, a gente demora um tempo para apresentar coisa nova, porque a gente tem um compromisso de que a gente não vai apresentar qualquer coisa.

Bells – Eu acho que muito do que acontece de fato aqui, é o que a galera se mobiliza pra caramba pra acontecer. Geralmente a gente não tem apoio do poder público, não se tem apoio das pessoas a volta da gente, então as coisas que eu vejo realmente acontecendo, os eventos,  é das pessoas que se juntaram e falaram: Eu vou fazer de qualquer jeito. Enquanto jovem, enquanto pessoa da TRUPE, eu acho que só acontece quando as pessoas estão muito motivadas a fazer. E isso é até de certa forma, triste. Porque depender da nossa própria força, quando a gente não tem um apoio em volta é muito complicado.

Passarinho – Acho que isso é muito pesado porque é um coletivo que nasce na necessidade de democratizar o acesso à essas informações para as pessoas, tá ligado, que elas possam se identificar,  entender, e saber o que tá rolando, e que vem passar por várias dificuldades em relação exatamente ao acesso de ferramentas culturais. Porque em outros municípios algumas pessoas ainda podem botar a cara e fazer do mesmo jeito. Tem vários municípios, por exemplo, que as batalhas de Rap sofrem pela burocratização do uso do espaço, mas conseguem utilizar outros espaços e fazer do mesmo jeito, mas com um espetáculo e peças, a gente não consegue montar essa estrutura e dependendo da área que a gente tá, a gente não pode mesmo ocupar qualquer espaço público pra fazer aquilo. 

Bells – Eu fui da leva que entrou em 2017, que houve um processo seletivo, e aí, a gente se separou em grupos e cada grupo foi fazendo um projeto, que daria em um evento. Um desses grupos, se reuniu para falar sobre teatro fórum, do Boal (Augusto), e aí foi esse o tema: a violência. E foi-se vendo que aquilo tinha muita relevância, como era teatro fórum, pegaram as coisas que as pessoas disseram ali, existia mesmo um borbulhar daquilo que não estava sendo dito. Daí a gente começou a desenvolver, houveram vários processos, a gente sabe que existe uma necessidade de falar disso, principalmente para os nossos, para os que estão à nossa volta, e que às vezes, esse tema as pessoas não entendem, tendem a achar que violência física é violência, mas que outras violências não são tão violência assim. Isso entra também no quesito da Segurança Pública, porque a gente usar da arte para falar de uma coisa que é a morte de mulheres, que é a violência, o cerceamento da gente. 

Rita– Você falou antes de uma coisa que é muito importante, como a gente faz cultura de uma maneira segura. Muita gente que olha da Zona Sul pra cá, é um debate que a gente sempre vê, que é a falta de aparelho cultural, e o quanto a gente não tem estrutura, não tem luz, a gente aprende, desde a escola do teatro, eu aprendi a montar espetáculo sem luz, ou a fazer refletor de lata, porque a gente precisa. Então esse assunto é muito debatido mas a gente nunca pára para debater  como a gente faz isso de uma maneira segura, porque a gente ouviu muito, enquanto TRUPE: “ah não tem teatro faz na rua, a rua é do artista, ocupem a rua”  a gente ouviu isso várias vezes. Só que, como a gente ocupa a rua de uma maneira segura? Como a gente fala o que a gente quer falar na rua, e depois vira as costas e vai embora pra casa? É um problema de segurança pública, porque a gente se propõe a falar de assuntos políticos, urgentes que a gente sabe que vão sempre inflamar as pessoas. 

Passarinho – E a rua não é do artista, geralmente a rua tem dono né.

“Aqui na Baixada as ruas tem dono, a gente esbarra com isso muitas vezes.”

(Bells)

Rita– Ao longo da história da TRUPE a gente já dialogou com várias instâncias do poder público, desde famílias da baixada fluminense, até gente que está em algum cargo público, várias instâncias que só existe na baixada fluminense. A gente tem que ter um jogo de cintura muito grande e falar: obrigada por essa proposta mas não cabe. Mas a gente tem que negar de uma maneira que resguarde nossa segurança. Já houveram momentos em que a gente teve que se reunir pra dizer: Como é que a gente vai responder esse convite aqui? 

Bells – A gente não pode falar simplesmente não!

A TRUPE  gera por meio dos saraus um impacto positivo e gigantesco na vida do público que frequenta essa atividade. Assim como a linguagem artística está alinhada ao cotidiano e construindo uma noção de responsabilidade coletiva. 

Rita– O Sarau nasce muito dessa necessidade de dialogar. O sarau sempre começou com uma roda de conversa. A gente já teve roda de conversa riquíssimas, e falamos: Essa roda de conversa precisa existir, olha o que as pessoas estão dizendo! Já teve sobre encarceramento em massa, intolerância religiosa, visibilidade bissexual, lésbica, e principalmente as primeiras rodas, chegava um monte de moleque de 15 e 16 anos, com um monte de dúvida e, é isso, a gente também tinha moleques de 16 anos na TRUPE, que também tinha um monte de dúvidas, então, as primeiras rodas inclusive, a gente sempre tinha convidados. Quando a gente falou de encarceramento a gente convidou um coletivo para falar sobre, quando falamos sobre transfobia, legalização da maconha, a gente sempre convidava alguém para tirar nossas próprias dúvidas também. Só que a gente entendia que a gente não ia tirar nossas dúvidas no facebook sabe, a nossa preocupação sempre foi: “Como a gente traz um debate de qualidade?”, a gente estava ali falando muito sério sobre aquilo, no debate sobre eleição, por exemplo, a gente pensou: vamos fazer um debate isento e falar dos aspectos positivos e negativos dos dois lados dessa polarização, e vamos debater de fato, e não apenas atacar, e o sarau terminava com um D.J e todo mundo rebolando. Ou seja, é possível, e a gente não encontrava esse tipo de evento. Entendendo que a gente não tinha evento LGBT na cidade, e não tinha, espaço de diálogo político, dá pra fazer as duas coisas juntos, faz todo sentido fazer isso junto. 

IDMJR –  Quando a gente debate que a cultura deixa de ser um dos pilares importantes na sociedade e uma verba de políticas públicas dessa área, é cortada ou realocada para  a Segurança Pública, tem todo um discurso de uma parcela da população, que passa a validar que não precisa de cultura precisa de segurança. Como vocês veem a possibilidade de criar metodologias próprias de ação e de enfrentamento para continuar fazendo?

Passarinho – A gente tem pensado nesse último período maneiras de financiamento de espaço, de viabilizar nossos projetos e também tentar fazer isso de forma que a gente possa retornar algo para quem tá contribuindo com algo pra gente. Querer fazer o Benfeitoria para conseguir se organizar em relação ao espaço e dentro deste espaço algumas pessoas do nosso coletivo, que já exercem atividades visando algum retorno financeiro, mas que oferece algo para a sociedade estaríamos fazendo.

Rita– Uma coisa que a gente sempre teve em mente, e hoje a gente tem muito mais é que a nossa conexão com Cultura, tem uma relação muito forte com a educação, a gente tem alguns integrantes da TRUPE que dão aula de reforço, o nosso projeto de financiamento coletivo para conseguir uma sede, justamente por esse tanto de negociações que a gente precisa fazer pra ocupar um espaço, para que a gente não se demore nessas negociações e consiga tocar os projetos. Inclusive de uma maneira melhor organizada, com aula, aula de teatro, um dos retornos que a gente quer é não ser o último grupo jovem. A gente quer que mais grupos, a gente quer outros saraus. Esse monte de sarau que a gente rodou no início da TRUPE não existe mais.

Bells – Seria legal se tivessem três saraus em Nilópolis, acontecendo.

Passarinho– Seria perfeito, meu sonho.

Rita – O Sarau V que era aqui em Nova Iguaçu não existe mais, o Sarau Rua em Nilópolis não existe mais. O Donana continua existindo porque eles tem o centro cultural, então é isso, a gente viu uma época de muitos saraus efervescentes na rua morrer, por causa da segurança pública, por causa da falta de estrutura e espaço. 

Bells – A Rita comentou esse negócio do momento dos saraus efervescentes e que depois isso foi morrendo, isso traça muito com aquilo que você disse, que as pessoas realmente começaram a pensar que Cultura não é importante, que apenas Segurança era importante. Então a gente viu esse declínio, dessas atividades culturais que existiam na rua, e em alguns lugares fechados também, em troca do medo. Isso me fez lembrar uma coisa até que parece aleatória, mas que tem sentido, um dos saraus que a gente fez ano passado, a gente estava no meio da roda de conversa quando a gente percebeu que tinha muitas crianças. O tema era o papel do artista no momento político que estamos, as crianças estavam ali acompanhadas, mas a gente sentiu a necessidade de direcionar aquela roda para as crianças. A Rita fez isso muito bem, inclusive. Porque a gente viu que quem estava ali realmente querendo algum contato com alguma coisa, eram aquelas crianças, óbvio que as pessoas estavam ali no debate mas a gente trocou o viés da conversa e começamos a conversar com elas, no final o evento foi maravilhoso. A gente viu uma necessidade ali, simplesmente porque a gente estava ali fazendo uma conversa que não tinha nada a ver para elas, mas elas pararam ali.

Rita– A gente não estava falando só para os jovens, não podia se fechar só nos jovens, e começamos a dialogar com o Fórum de Cultura da Baixada, que geralmente nós éramos os mais novos, entendemos que não ia produzir só pra jovens, mas pra criança, pra adulto e essas linguagens diferentes que a gente precisava abordar. O território da baixada tem todos esses públicos sedentos por cultura em todas as idades. E como é que a gente está atendendo esses públicos?

As trajetórias de agentes culturais e coletivos de arte e educação na Baixada Fluminense passa por esse impacto da diversidade e das relações complexas de negociação e deslocamentos que precisamos fazer para construir redes. A TRUPE DO MERDA que tem na sua composição integrantes de vários municípios e nesse bate papo a gente levantou a questão da mobilidade urbana, que na baixada é caótica, financeiramente custosa e sem a menor estrutura de segurança para os usuários.

Bells – Em Nilópolis, às vezes você demora uma hora para atravessar de uma lado para o outro.

Rita – A maior parte da gente é de Nilópolis, quando a gente abriu o processo seletivo veio gente de Mesquita, Nova Iguaçu, Belford Roxo, pra fazer aquele processo. Tem a questão do ramal do trem. E aí não é o trajeto, é o transporte público, se todos os ônibus saem de Nova Iguaçu, é porque Nova Iguaçu é a Zona Sul da baixada. 

Passarinho – Mas a relação de acessibilidade entre Nilópolis e esses lugares (outros municípios). É toda dificuldade do acesso mesmo. 

Bells – A pessoa que mora em Belford Roxo, às vezes, vai ter que uma dificuldade muito grande de chegar em Nilópolis. 

Rita – E é isso, se a gente pensar os aparelhos de culturas, eles estão nos lugares de mais fácil acesso, do transporte público. 

Bells – Às vezes, a gente conseguiu um lugar pra produzir o Sarau, e como é para chegar a noite lá? Como é para sair de noite de lá? Será que nosso público vai conseguir voltar pra casa?

Rita – Porque tem toda uma responsabilidade, a gente rompeu uma parceria de residência que a gente julgou que colocava o nosso público em risco, então, a gente precisa entender que produz para jovem, se a gente tá querendo criar um espaço seguro, a gente precisa ter responsabilidade com esse público. A gente vai colocar eles pra sair de um lugar que não tem ônibus 1h da manhã? Não dá.  

A arte é capaz de produzir no cidadão a responsabilidade da consciência coletiva, a responsabilidade que a gente cria com a gente, com todo mundo, com o ambiente que estamos, com o lugar, com a história que a gente tá contando. 

Passarinho – Eu comecei a ter mais experiência com teatro quando eu comecei a ser auxiliar de produção do Abraços (Abraços que sufocam – espetáculo da TRUPE do MERDA), e aí depois no processo desse espetáculo que está sendo elaborado, eu consegui entender o que aquele processo ali significa, porque na real eu sou músico, e eu acho que pelo o que entendendo, com os atores e a direção e quem tá roteirizando, sente e transpassa pra mim, de eu me sentir abraçado. Porque apesar de ser uma outra linguagem, a gente vê um pessoal preto, LGBT, da baixada, vindo trazendo a vivência, que o meio dos processos criativos estão quase que curando a si mesmos, e uns aos outros, tratando as suas feridas e dos colegas e que projetam não só uma representação mas também uma motivação pra continuar. Ainda mais eles que partilham desse sonho e dessa quase comunhão, em relação ao fazer do teatro, é muito bonito ver. Porque é uma luta, em primeira instância, para que isso possa continuar sendo feito, porque já não tem apoio nenhum de poder público, e ainda poder mostrar para as pessoas que dá pra fazer, esse fazer artístico em relação ao teatro, e que para além disso, é que a gente deve fazer, que esse tipo de pessoa deve fazer. 

Bells – Que é o que as crianças daqui vão ver, se não tem um teatro na cidade para elas assistirem a galera de volta, a única coisa que elas vão ter é quem conseguiu chegar até ali, elas não não ver os delas fazendo. Esse processo, junta com a minha motivação, porque não só a gente tem que saber o quanto é importante, nosso fazer artístico para o mundo mas saber para gente.  Às vezes não é nem: quero ficar famosa com um espetáculo, mas, o que a gente quer é só viver uma vida tranquila mas se a gente tiver aquilo ali como ponte, que tá fazendo bem para gente e para o mundo, é melhor.

Rita – Tem alguns pontos na história da TRUPE que reafirmaram para mim que eu quero continuar, e um deles é o quanto cada um cresceu dentro da TRUPE. Cresceu pra si, eu comecei a fotografar por causa da TRUPE e hoje eu me entendo fotógrafa. Eu entendi a minha relação com a história, com a pedagogia. A Maiana, que já estudava jornalismo, quando a gente começou mas ela sempre cuidou da comunicação da TRUPE, o quanto dentro das nossa áreas a gente conseguiu contribuir ou às vezes áreas que nem eram nossas, mas, no que a gente se propunha a fazer tinha essa função. A gente acabou se achando, e desenvolvendo muita coisa  pra si, a partir dali, e a gente começou a entender que podia. Nunca se alguém me falasse antes que eu podia fotografar, eu ia achar que podia. E aí eu conheci o Danilo Sérgio, que é um fotógrafo da Baixada que estar sempre com a gente, e o Danilo, pegou a câmera dele, deu na minha mão e falou: fotografa aí, quando eu consegui uma câmera baratinha, o Danilo pegou o flash dele e falou: aprende a usar o flash, e ficou do meu lado. A gente sempre esteve um do lado do outro. Uma coisa importante, por exemplo, o que a gente traz de volta para o artista que vai pro sarau? O que a gente pode dar é espaço, público, foto e alguma divulgação. Todo mundo foi entendendo a responsabilidade daquilo ali. Uma pessoa que eu acompanhei bem de perto, que sempre foi público do Sarau, chegou lá e era um menino muito tímido, que não falava nada mas que estava sempre no sarau. Chegava cedo, a mãe buscava no final porque ele era novinho. Ficava sempre quietinho, depois começou a chamar a gente da TRUPE pra conversar alguma coisa, até o dia que ele se inscreveu para o nosso palco livre, leu uma coisa dele, no outro sarau fez uma performance e hoje em dia faz aula de dança do ventre, se defende como poeta, dançarino, e ele virar pra gente e falar que descobriu isso no sarau. Entender que não é mérito, é resultado de uma coisa que é coletiva. E a continuidade, as pessoas não insistem na baixada, as pessoas vêm aqui fazem uma parada pontual, e vão embora, ou mesmo as pessoas daqui, fazem uma parada dar certo e nunca mais aparece. A importância da continuidade dos projetos na baixada. E vê essas pessoas que se a gente tivesse parado no segundo, a gente nunca ia saber o que tinha ali dentro. O quanto é bom pra Baixada, que as pessoas se descubram aqui, e fiquem aqui, mostre seu talento aqui, se identifiquem aqui. 

“No Abraços a gente foi estudar psicologia, estudar como é o processo do relacionamento abusivo, a gente criou ponte com assistente social, a gente foi pra dentro do DEGASE, apresentar o Abraços, a gente abriu o programa daquelas viaturas da Lei Maria da Penha.”

(Rita)

Quando a gente estava no DEGASE de frente pra uma platéia que os meninos estavam divididos por facção, porque eles não podem conviver dentro do DEGASE com facção contrária, e é meio tenso, olhar uma platéia de adolescentes que estavam nessa situação e depois do Abraços, ele conversarem um com o outro, um dá opinião no que o outro falou, de maneira completamente construtiva e não agressiva.

Passarinho – O Estado precisa que a gente se divida de todas as formas, no emprego, nas escolas e em qualquer tipo de espaço, a gente precisa estar dividido pra Ele tomarem melhor o que é nosso.

Composta por Aryelle Christiane, Bells Oliveira, Eduardo Vinicius Soares, Jéssica Volpi, Junior Capelloni, LS Avlis, Maiana Santos, Matheus Coelho, Mateus Barros e Rita Valentim. A Trupe do M.E.R.D.A é um exemplo objetivo de como a arte na baixada produz cidadania.


*Entrevista realizada na Casa de Cultura de Nova Iguaçu que atualmente é um dos espaços onde a maioria dos artistas e coletivos da Baixada Fluminense encontram acolhimento para suas realizações artísticas. Agradecemos a abertura do espaço por meio da gestora Roberta Miranda.

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