0 5 min 2 anos

Por: Patrick Melo

No dia 08 de março de 2022, a Iniciativa Direito a Memória e Justiça Racial esteve em pontos do Centro do Rio de Janeiro,realizando a ação direta Sarrou?Levou!, que faz parte da campanha #8MDasPretas. Iniciamos as mobilizações do Dia Internacional da Mulher no Largo da Carioca, em frente à estação de Metrô, com encerramento da atividade na concentração do ato unificado que ocorreu na Candelária, “Pela Vida das Mulheres: Bolsonaro Nunca Mais! Por um Brasil sem Machismo, Racismo e Fome”.

A Ação Direta Sarrou?Levou! foi uma provocação feita pela IDMJR para a autodefesa das mulheres contra o assédio sexual no transporte público. Foram distribuídas agulhas de costura e a edição impressa do Boletim Feminicídios e Violência de Estado na Baixada Fluminense 2022.

Vale reiterar que a equipe da IDMJR é formada majoritariamente por mulheres negras, o que gerou uma série de situações e reflexões durante as abordagens. Percebemos a diferença entre a recepção do material por mulheres negras e brancas de forma muito latente. Ao passo que  mulheres negras aceitaram e pediram material para seus familiares, as mulheres brancas,  em sua maioria, negaram de forma ríspida.

“Mulheres Brancas nos olhavam de cima abaixo com nojo, enquanto mulheres pretas aceitavam. As que liam logo, voltavam agradecendo.” Integrante da IDMJR

Já na concentração do ato unificado, trabalhadores e trabalhadoras que vendiam produtos no local também receberam a campanha de forma positiva, e a grande maioria relatou que apenas algumas pessoas estavam os abordando, o que nos provoca sobre a refletir sobre a inserção das lutas de classe nas lutas feministas, não apenas em teorias e livros, mas na prática cotidiana. Principalmente em uma mobilização que se referencia sob o marco histórico da luta de mulheres trabalhadoras.

Estavam presentes parlamentares e suas assessorias, movimentos sociais, sindicalistas, organizações da sociedade civil e defensoras de Direitos Humanos. Boa parte parabenizaram a nossa campanha, ressaltando a importância deste tipo de proposta e das ações diretas, com capacidade de alcançar pessoas que não estão inseridas de forma direta nestes grupos. Mas também recebemos críticas em relação a nossa proposta de autodefesa das mulheres nos transportes públicos.

“‘Brincaram’ comigo dizendo que eu poderia ser presa.”

“Só vocês para fazerem isso! Muita coragem”

De última forma, ficamos muito felizes com os reencontros, contatos, articulações e congratulações à Ação Direta Sarrou?Levou!, porém, encerramos por aqui talhando algumas reflexões a partir desta experiência. 

Contavam-se dezenas de organizações presentes no ato, e como nos foi relatado foram poucas as organizações que dialogaram com as trabalhadoras e trabalhadores presentes. Aqui deixamos a seguinte reflexão: De que vale organizar atos imensos sem inserir e dialogar com as pessoas que nós mesmos dizemos ser a força motriz para o funcionamento desta sociedade e de qualquer possibilidade de rupturas? Boa parte dos movimentos sociais e militantes parabenizaram a mobilização, mas não produzem ação direta em seu cotidiano.

Seria esse o discurso de não violência na perspectiva dos Direitos Humanos que desmobiliza para isto?  A pergunta que fica diante disso tudo é: De quem é o monopólio do uso da violência?

Seguimos como os que vieram antes de nós e nos indicaram à incidir por todos os meios, porém, como nos ensina Assata Shakur: Ninguém no mundo, ninguém na história, conseguiu sua liberdade apelando para o senso moral das pessoas que o oprimiam.

#SarrouLevou

#8MDasPretas


Deixe uma resposta