
por IDMJRACIAL
No último sábado (22/7) aconteceu no espaço Gomeia, em Duque de Caxias, o I Seminário Ações Locais – Abolição das Polícias e Prisões promovido pela IDMJRACIAL. O objetivo do seminário foi reunir as organizações, coletivos e movimentos sociais que tiveram ações apoiadas pelo Edital de Ações Locais – Abolição das Polícias e das Prisões da IDMJRACIAL.
O evento que aconteceu de 11 às 16h, foi um espaço de troca onde os(as) presentes compartilharam os resultados de suas ações e estratégias realizadas. Estiveram conosco: Amugue, Renfa RJ, Frente Estadual pelo Desencarceramento RJ, Pré Vestibular Machado de Assis, Coletivo Guarani, Xwe Nokun Ayono Avimaje, Complexo Mangueirinha, Aerj e Mídia Independente Coletiva.
O Seminário trouxe como encaminhamento final a continuidade do diálogo com uma agenda de encontros e de construção de uma rede abolicionista no estado do RJ.
Durante todo o encontro uma afirmação foi norteadora e evocada de forma unívoca nas discussões: de que frente à Violência Policial e Prisional , uma das únicas saídas é a abolição das polícias e das prisões, perpassando também pela necessidade de popularizar e enfrentar os questionamentos e estratégias para essa construção.
Também foi um espaço de denúncias de ameaças contra os povos de terreiros produzidos por milícias e o varejo de drogas. Aqui destacamos que: milícias e o varejo de drogas fazem parte do Estado e não podemos achar que se trata de algo paralelo ao Estado.
Outra denúncia foi com relação a perseguição produzida pelos agentes estatais (polícias) contra pessoas egressas do sistema prisional, mesmo após o cumprimento da sua pena.
O CPX da Mangueirinha, o Coletivo Guarani e o Avimaje afirma que precisaram pensar a partir de outros conceitos e de uma outra linguagem, para se protegerem, e criar possibilidades de diálogo sobre o tema da Abolição das Polícias nos seus territórios.
A Frente Estadual pelo Desencarceramento RJ, além das discussões abolicionistas e anti punitivistas, ressaltou que o apoio do edital possibilitou a compra de lanches para sua atividade, e que “isto é poder construir a política do afeto e do cuidado de forma material” disse a representante presente.
A Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas e a Frente Estadual pelo Desencarceramento RJ reforçaram nas suas estratégias o atendimento jurídico popular para enfrentar o juridiquês imposto pela branquitude.
A Mídia Independente Coletiva e o Pré Vestibular Machado de Assis, a partir das suas ações, afirmaram que as pessoas aprendem a gostar da punição, e que precisamos continuar debatendo e construindo lógicas e práticas anti punitivistas.
A Amugue, organização de Petrópolis, reforçou o trabalho de compartilhamento de informações com familiares de pessoas privadas de liberdade, desde orientações de como emitir a carteira para as visitas ao sistema, até às assinaturas quando há liberdade condicional e que muitos e muitas, por medo e desinformação, não fazem e voltam para o sistema.
O seminário trouxe também um grito coletivo de indignação sobre a visita recente de Angela Davis ao Brasil quando, novamente, os encontros aconteceram sempre com a esquerda institucional e representantes governamentais, que não carregam em suas práticas e discursos o debate sobre a construção de uma sociedade abolicionista; a exemplo, vítimas do sistema prisional e das polícias e organizações e movimentos que fazem a luta efetiva e cotidiana pela Abolição .
Ao final do seminário tivemos o lançamento do documentário Baixada Viva, produzido pela Juventude Negra da AERJ, gerado pelo apoio do edital que apresenta denúncias, a história da resistência do Quilombo de Iguassú e, com muito hip hip fortaleceram, o grito das favelas e periferias: não acabou , tem que acabar, eu quero o fim da polícia militar.
As 10 ações apoiadas e desenvolvidas nos últimos 2 meses mobilizaram cerca de 600 pessoas diretamente.
“Bom, eu talvez seja uma escrava, mas eu irei para o meu túmulo como uma escrava rebelde.”
ASSATA SHAKUR