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por Fransérgio Goulart

Hoje dia 15 de março, é o Dia Internacional de Luta contra a Violência Policial, e afirmamos que não existiu na história do Brasil e do mundo , um momento sequer que as polícias não produzissem mortes e encarceramento contra determinados segmentos populacionais.

Diante deste diagnóstico que é visível para quem mora e sobrevive nos territórios negros de favelas do estado do RJ, produzimos uma pequena reflexão sobre o “ARREGO” cotidianamente realizado pelas polícias nestes espaços, para demonstrar que não existe possibilidade no sistema capitalista racializado e patriarcal, da possibilidade de reforma da polícia, e de que o único caminho a se construir é o da Abolição das Polícias.

O Estado sempre operou na dita legalidade e ilegalidade, e não é diferente quando estamos falando de segurança pública. O mercado da militarização, segurança pública, como já apontava Rosa Luxemburgo, é uma das formas mais exitosas de acumulação do capital, por isto o corpo negro, os territórios negros e a produção das mortes negras são lucrativas. Neste contexto o “ARREGO” vira a categoria de mediação das ações letais e outras. O arrego engloba e articula de maneira geral, os acordos firmados entre varejistas, milicianos e policiais, com o objetivo de fomentar condições favoráveis para a operação da acumulação do capital nestes territórios negros.

Ele acontece através do pagamento regular à polícia de valores geralmente em espécie, pois isto deixa uma possibilidade menor de lastro de controle, mas também temos os presentinhos como já ouvimos de moradores/as, como repasse de drogas, armas, munições e objetos com algum valor comercial, a exemplo de joias, relógios, aparelhos eletrônicos e até mesmo cigarros e bebidas contrabandeados ou roubados.

O Arrego é um dispositivo, um instrumento, que possibilita as relações de lucratividade, controle e produção de mortes no território.

E os valores negociados varia de grupo, batalhão ou outra divisão policial. Quanto mais letal for o grupo policial, mas caro fica o arrego. Para exemplificar, o arrego para o Bope é muito mais caro, que para uma guarnição de Upp ou Segurança Presente.

Territórios com maiores taxas de letalidade amplia também os valores a serem negociados. O negócio é como uma bolsa de valores da morte. As ações, no caso os valores do Arrego sobe, nos territórios com mais mortes.

Com toda esta breve contextualização, podemos afirmar que as polícias constituem mercados, e como tudo na sociedade capitalista estruturada no racismo, o arrego se transforma em mais uma mercadoria que será negociada.

O arrego é a possibilidade de ter uma paz ilusória, neste caso, por vezes gerando até a diminuição de confrontos nesses territórios. Por isso a dita paz em territórios de milícias que ouvimos por vezes em territórios da Baixada Fluminense, nada mais é que esta sensação ilusória , que por vezes até se materializam nos dados oficiais do próprio ISP – Instituto de Segurança Pública, mas que em contrapartida desta diminuição, irá produzir outras violações acontecem cotidianamente.

“A primeira coisa a ser esclarecida é que policiais não fazem o que você acha que eles fazem.(…) Fomos ensinados a pensar que eles “capturam os caras maus;eles perseguem ladrões de bancos; eles encontram o serial killers”. (…) Mas este é “um grande mito”.

( KABA, MARIAME. Sim nós Queremos dizer literalmente abolir a polícia)

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