
Por: Ane Rocha
Uma operação conjunta da Receita Federal e da Polícia Civil nos Correios, apreendeu drogas, em sua maioria sintéticas,que foram identificadas na triagem dos Correios. Estavam camufladas em itens que passariam facilmente pelo rastreio, o Delegado Marcos Vinícius Amim da Unidade de Repressão a Entorpecentes da Polícia Civil do Rio de Janeiro, que acompanha as ações da Receita nos Correios,em depoimento ao Jornal Extra1 informou que se trata de uma modalidade diferente do tráfico de drogas, visto que em comunidades do Rio de Janeiro em sua maioria, concentra drogas como: maconha, cocaína e crack,o delegado usa o termo ‘’tráfico elitizado’’.
A maioria dos envolvidos possuem conhecimentos específicos para a produção de drogas sintéticas, como as áreas de engenharia química. A Polícia Civil identificou que a região que mais recebe drogas por postagem é a Zona Sul do Rio de Janeiro, com destaque os bairros da Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes.
Cabe ressaltar que os territórios periféricos são constantemente invadidos e violados, com operações policiais diárias, sob alegação de apreensão de drogas e combate ao tráfico. Ademais, sendo bem diferente do que é visto nos bairros nobres da cidade, justamente nas áreas que a branquitude vive. A dita “guerra às drogas” trata-se nitidamente de uma opção política do Estado par dar prosseguimento ao genocídio da população negra, em que dissemina ódio racial disfarçado em política de segurança pública.

Sendo urgente e imprescindível uma reflexão de como o Estado lida com a atual política de drogas e como o poder punitivo e truculento deste Estado é utilizado exclusivamente em territórios predominantes pretos e periféricos da cidade.
Em relação à questão da política de drogas, precisamos compreender que o uso (abusivo ou não) é uma questão de saúde pública. Portanto, o proibicionismo é apenas uma armadilha moralista e conservadora que nos impede de dar tratamento eficiente e humanitário à questão de drogas.
Entendendo que o próprio proibicionismo é uma estratégia racista de controle de corpos pretos, desde a época da Escravização por volta do Século XX, quando foi criada a primeira lei proibicionista em relação ao consumo e comércio da maconha,onde os escravizados que eram encontrados realizando a prática eram torturados e tinha penas de prisão, enquanto os brancos, em poucos casos eram submetidos apenas a multa, resultando na ampliação de violência reforçando o punitivismo racial.
A IDMJRacial lançou em setembro de 2022, a publicação Guerra aos Pretos – Relatório sobre Drogas e Armas na Baixada Fluminense, onde apresentamos dados de monitoramento de apreensão de drogas e armas na Baixada fluminense, ao longo de quase 2 anos da implementação da liminar que impede as operações policiais no território fluminense, identificamos de 1566 operações realizadas na Baixada Fluminense no ano, apenas 1 operação apreendeu mais de 1kg de drogas. Nessas mesmas operações 167 pessoas foram assassinadas e 916 encarceradas .
Não existe tráfico de drogas sem a participação, organização e financiamento do Estado. A quem beneficia a “guerra às drogas “?