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Por Adam Bledsoe

Nas cidades de Minneapolis e Saint Paul (coloquialmente chamadas de “As Cidades Gêmeas”) uma situação tensa se desenvolveu nos últimos quatro dias, devido ao assassinato de um cidadão afro-americano por um policial.

No dia 25 de Maio, no bairro de Powderhorn na parte sul de Minneapolis (a maior cidade do estado de Minnesota), a polícia foi chamada pelo dono de um mercado chamado Cup Foods, alegando suspeita de uso de uma nota falsa de 20,00 dólares, por George Floyd, residente afro-americano do bairro.

Quatro políciais chegaram e algemaram Floyd. Enquanto eles levaram-o para o carro de polícia, Floyd desabou no chão. Depois disso, policial Derek Chauvin se ajoelhou no pescoço de Floyd. Ele se manteve ajoelhado no pescoço de Floyd por mais que oito minutos. Durante esse tempo, Floyd disse que não podía respirar, que sua barriga, pescoço e corpo inteiro diam e gritou para a mãe dele. Ele pediu aos políciais, “não me matem.”

Depois de quase seis minutos com o joelho de Chauvin no seu pescoço, Floyd completamente parou de se mover e falar. Uma quantidade de espectadores se juntaram ao redor a cena e vários pediam a Chauvin para se levantasse da nunca Floyd.

Quando finalmente chegou a ambulância, Floyd estava sem pulso e foi levado para o hospital onde foi pronunciado morto.

Nos dias seguintes vários protestos eclodiram pela cidade de Minneapolis, incluindo na Terceira Delegacia, onde Chauvin trabalhava. Os protestos começaram pacificamente, mas no dia 26 de maio os políciais da Terceira Delegacia atiraram nos manifestantes com balas de borracha e gás lacrimogenia. Depois disso, os manifestantes reagiram fortemente, e nos dias seguintes vários tumultos se espalharam por Minneapolis e Saint Paul.

“Os protestos estão compostos de pessoas de todas a raças, classes, idades e orientações. É, realmente, uma luta plural.”

(Adam Bledsoe)

Enquanto os quatro policiais envolvidos na tragédia foram demitidos no dia 27 de maio os protestos continuaram. Durante os protestos, alguns manifestantes saquearam lojas, queimaram alguns prédios e até queimaram a Terceira Delegacia no dia 28 de Maio. É importante indicar que nem todos os manifestantes são do bairro onde aconteceu a tragédia, e nem da cidade de Minneapolis.

Existem muitas pessoas que são de fora da área que chegaram para fazer sua parte nos acontecimentos. Além disso, os protestos estão compostos de pessoas de todas a raças, classes, idades e orientações. É, realmente, uma luta plural.

No dia 29 de maio, Derek Chauvin foi preso e oficialmente acusado pelo assassinato de George Floyd. No mesmo dia a guarda nacional ocupou as ruas de Minneapolis e Saint Paul e um toque de recolher foi implementado pelas prefeituras de Minneapolis e Saint Paul. Todos e todas têm que voltar à casa antes das 20:00 horas.

É preciso entender que a presente situação não é aleatória. Minneapolis é uma cidade extremamente  desigual em términos de raça. A população afrodescendente (que é 18% da população da cidade) têm índices de renda, educação, emprego e saude bem a baixo do média, enquanto a índice de encarceramento é maior para afrodescendentes comparado às outras populações.

“No país, um em cada mil homens pode esperar morrer nas mãos da polícia”.

(Adam Bledsoe)

Nos últimos cinco anos, aconteceram quatro assassinatos terríveis por violência policial de cidadãos afrodescendentes em Minneapolis e Saint Paul. Jamar Clark (2015 em Minneapolis), Philando Castile (2016 em Saint Paul), Thurman Blevins (2018 em Minneapolis) e agora George Floyd perderam suas vidas por atos policiais.

Nos primeiros três casos, os políciais não foram acusados. Neste sentido, Minneapolis serve de um espelho do que aconteceu no país inteiro, como a desigualdade racial nacional em termos de riqueza é pior agora que era cinquenta anos atrás, e a população negra (13% da população nacional) é 37% da população nacional encarcerada. No país, um em cada mil homens pode esperar morrer nas mãos da polícia.

A agitação presente é devido a décadas (em verdade séculos) de violência e discriminação, mais do isso, é uma expressão de luta e resistência pela comunidade negra e seus aliados. A luta continua em Minnesota, assim como continua no Brasil.


Biografia de Adam Bledsoe

“Eu sou um professor de geografia, nascido e criado em Minnesota. Depois de vários anos fora do estado, eu voltei no ano pasado para asumir um posto na Universidade de Minnesota na cidade de Minneapolis. Minha maior paixão é articular as lutas e conhecimentos da Diaspora Africana e tenho um grande amor para meu povo negro.”

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