
Por Equipe IDMJR
Ontem, dia 06 de maio de 2021, mais uma favela, neste caso a favela do Jacarezinho sofreu com a Violência Policial. A operação gerou o assassinato de 29 pessoas, este fato não é algo isolado ou aleatório, pelo contrário é uma regra e histórico. Diante de mais essa carnificina realizada pelo Estado contra um território negro abolir a polícia é o único caminho. Não trata-se de um sonho, e sim, algo concreto e já é uma realidade e está em processo.
Após o assassinato do George Floyd que geros os levantes antirracistas nos EUA e no mundo ecoaram e vem consolidando este grito de abolição das polícias. Não há mais espaço de discussão para reformar a polícia.

Pois, discursos e práticas de policiais mais bem treinados, policiamento comunitário e regulamentações ou protocolos já aconteceram e acontecem ao redor mundo e isso não resultou na produção da morte em corpos negros, indígenas, favelados e periféricos, LGBTQI+, profissinais do sexo, usuário de drogas, imigrantes, latinos.
Importante reconhecermos que este sistema de policiamento está entrelaçado com o complexo penitenciário e industrial militar, tanto aqui quanto no exterior, por isso temos que beber da fonte de trabalho dos abolicionistas penais que nos precederam é fundamental nesse processo de luta.
Afinal, se você no Brasil milita pelo abolicionismo penal e se coloca como antirracista, lutar pela abolicionismo das polícias é algo prioritário.Da mesma forma, quem luta contra o racismo e não está na luta pela abolição das polícias e o fim das prisões, seria no mínimo contraditório.
A Iniciativa Direito a Memória e Justiça Racial durante toda sua existência e seus membros durante todas suas trajetórias de luta escutaram e escutam que após uma violência policial, não irão à delegacia alguma denunciar essa violação, pois é a própria violadora que investigará a si própria. Essa narrativa que vem sendo produzida desde sempre pelas favelas e bairros de periferias é mais uma ação que vem sendo gerada pela Abolição das Polícias.
Recentemente a IDMJR produziu uma Pesquisa de Opinião sobre Abolição das Polícias, onde as pessoas afirmaram a necessidade dessa construção.
Sabemos que todas as polícias e prisões não irão acabar amanhã, por isso pensar em processos de medidas que diminuam o genocídio em escala, a estrutura e o poder das instituições é fundamental. E muitas ações que já estamos produzindo apontam para a abolição das polícias, como o desfinanciamento das polícias, a não militarização do espaço escolar e das políticas sociais, entre outras. O que precisamos é ir consolidando essas estratégias e outras em um projeto político articulado que caminhe nesse horizonte.
Movimentos no mundo inteiro, em especial os Movimentos antirracistas dos EUA, nos apontam que esse é o caminhar. Evidente que o Brasil não é o EUA, mas as polícias no mundo inteiro tem a mesma função social, logo nossa resposta tem que ser mundializada.
Por fim, precisamos entender que ao estudarmos e lutarmos pela abolição das prisões e das polícias estamos falando de abolir a pena como processo de eliminação do castigo e da morte.
Logo, o debate do abolicionismo dessas instituições perpassam pela construção de outras sociabilidades não punitivas, ou seja, nossa luta será em elucidar que não podemos mais naturalizar o castigo como já apontavam Fannon e Foucault, e isso dependerá de um processo de descolonização junto a luta contra o capitalismo.
Vale historicizar que essas ideias abolicionistas não surgem hoje. Autores e militantes negros como Dubois, Fanon, Angela Davis e na atualidade Ruth Gilmore e Mariana Kabab sempre falavam da abolição dessas instituições.
Aqui gostaríamos de deixar algumas perguntas para dialogarmos sobre a Abolição das polícias:
- Você teria apoiado a Abolição da escravidão acontecida entre os séculos XVII e XIX?
- Você teria ajudado fugitivos dos processos escravagistas, mesmo que isso significasse que você poderia estar burlando regras e leis?
- Você está disposto a apoiar a Abolição das Polícias e fim das prisões?