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Por Monique Rodrigues, Giselle Florentino e Fransérgio Goulart

Hugo Leonardo – Filho da Fatinha Silva, Hugo adorava desenhar e fazer caricaturas e passava horas exercitando seus dons artísticos. Rodrigo Tavares – Filho da Nivia Raposo, Rodrigo adorava dançar passinho, ir para praia com amigos e era um amigo super protetor que cuidava de todes que estavam ao seu redor. Alef Souza Cavalcante – Filho da Edna Carla, Álef gostava de andar de skate e ouvir música durante sua breve juventude na periferia de Fortaleza. Vinicius César Oliveira – Neto da Marluce, Vinicius adorava soltar pipas e estava em todas as festas com os amigos. Fábio dos Santos Vieira – Filho da Elisângela Santos, Fábio era muito trabalhador e determinado, adorava pilotar sua moto, uma de suas grande paixões. Bruno Soares de Souza – filho de Carla Soares. Amava ficar com amigos. Fernando Ambrósio de Moraes – Filho da Paula, amava jogar vídeo game e futebol e tinha como ídolo Cristiano Ronaldo. Ingrid Mayara – filha de Sandra Sales, Ingrid era uma adolescente muito comunicativa, brincalhona e alegre. Fabrício Rangel Kengem – filho de Marizete Siqueira, Fabrício adorava reunir pessoas querida envoltas de um bom churrasco. Marcus Vinícius  – Filho da Bruna Silva, Marcus era um adolescente alegre, cheio de vida e sonhos.

Quantos mais terão que fazer parte das listas genocidas do Estado Brasileiro?

Hoje no dia das mães, propomos refletir sobre a maternidade para mulheres que tiveram seus filhos assassinados pelo Estado, e que no dia de hoje perderam o direito de exercer, completamente, sua condição de mãe. Gerar e criar um filho para muitas mulheres, sobretudo as mulheres negras e periféricas é uma missão que exige delas mesmas uma capacidade absurda de responsabilidade, força e coragem.

Afinal, analisando o cenário de vida de muitas dessas mães, elas estão sozinhas, tendo sido deixadas pelo pai de seus filhos, ainda durante a gestação. E quantas dessas mulheres a gente encontra por aí, no cotidiano da vida, desdobrando-se em mil para dar conta do cuidado com seus filhos? Imagina como tem sido a vida dessas mães sem seus filhos? Imagina como tem sido caminhar com a impunidade dos assassinos e na incerteza da justiça?

A violência racista do Estado Brasileiro continua retirando filhos de suas mães, nas periferias, nas favelas, nos subúrbios. As lutas protagonizadas pelas Redes de Mães e Familiares de Vítimas da Violência do Estado são importantes exemplos de movimentos sociais liderados por mulheres negras que fazem o enfrentamento ao racismo institucional e denunciam as distintas faces da violência do Estado e seguem construindo a justiça racial para além dos limites das instituições governamentais.

“Eu não desejo nem para a mãe do policial que matou meu filho, a dor que eu sinto.”

(Ana Paula, mãe do Johnatha)

A Iniciativa Direito à Memória e Justiça Racial – IDMJR, busca promover um sentimento coletivo de reprovação a qualquer tipo de violação, principalmente as distintas faces da violência de Estado. Por isso, entendemos a Justiça Racial como instrumento de reparação histórica e a garantia do direito à Memória protagonizado pelas Redes de Mães e Familiares de Vítimas da Violência do Estado torna-se imprescindível para que os atos genocidas do Estado não mais se repitam. 

Ressaltamos a luta pelo direito à memória que essas mulheres promovem a todo instante, quando gritam o nome dos seus filhos, quando vestem a camisa com a imagem deles nos mais diversos contextos, quando estendem as bandeiras coletivas e marcham juntas nos atos, a cada data das tragédias que atravessaram suas vidas.

O que é a memória da maternidade para essas mulheres?


Para conhecer mais história de lutas pelo direito à memória, acesse nosso memorial virtual.

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