
Por Equipe IDMJR
No último sábado dia 21.08.2021 foi um dia especial para rememorar a vida do jovem Carlos Henrique que foi homenageado por sua mãe, Elizabeth Santos, nós da IDMJR e o grafiteiro Rodrigo Mais Alto.
O memorial Carlos Henrique faz parte de uma série de memoriais que a Iniciativa vem produzindo junto com familiares vítimas de violência de Estado fazendo, através da arte do grafite, uma forma de justiça afetiva contra a política de morte organizada por uma série de ausências sistemáticas que faz parte da história da Baixada Fluminense.

Morador de Belford Roxo, Carlos Henrique foi sequestrado e desaparecido em 2020, quando saiu para encontrar os amigos e não foi mais visto, tendo o corpo encontrado dias depois por sua mãe Elizabeth. As mães e familiares travam uma luta incansável contra a naturalização do genocídio.
Muito emocionada e acolhida por amigos e vizinhos Elizabeth juntou forças e conversou com a IDMJR sobre essa ação.
IDMJR – O que o memorial significa na luta contra o apagamento da memória do Carlos Henrique?
Elizabeth Santos – O memorial para mim significa uma luta contra o apagamento da memória do meu filho, significa levantar uma bandeira branca para que nós da Baixada Fluminense, mães, familiares possamos lutar, para que isso não venha acontecer com outros jovens. A sociedade, a vizinhança veja que tem uma mãe que não mediu esforços, que não tem medo, que fala, que tá vendo que mesmo que o meu filho se foi mas ele tem voz. Mesmo ele não estando presente, todos estão vendo que a memória dele não vai ser apagada. Isso é importante.

IDMJR– Lembrar para não naturalizar a violência é uma forma de justiça que as mães e familiares sempre ressaltam, qual lembrança mais forte surge hoje para você?
Elizabeth Santos – A lembrança que eu mais valorizo do meu filho, é que era um filho companheiro, amigo, morava só eu e ele, e eu quero lembrar do meu filho pelos momentos bons que nós vivemos mas que infelizmente vieram a acabar com a minha alegria. Hoje eu vivo uma luta dia a dia, na correria, querendo justiça contra esse Estado genocida, que cada dia não foi só o meu filho mas de muitos jovens da Baixada.
IDMJR – O que você acha desse movimento dos memoriais e como eles impactam na comunidade e amigos ao redor?
Elizabeth Santos – Confesso que quando meus vizinhos, amigos dele, as pessoas que passavam de carro, de moto, tirando foto, eles estão mandando mensagem para mim, me elogiando sobre a homenagem do memorial, ficou uma coisa muito linda, uma coisa que é muito emocionante para uma mãe, olhar aquela foto e saber que nós somos uma leoa, que a gente coloca a cara para lutar, que estamos todos juntos, eu e vocês que me ajudam dando força, isso é muito importante.
Os moradores e vizinhos da comunidade estão mandando os parabéns pela homenagem para o meu filho, que era um menino bom, amigo e isso é muito importante. Alguns amigos e vizinhos colocaram a foto do meu filho nos seus perfis do whatsapp, e isso é gratificante para nós que somos mães e familiares. Saber que nossos filhos são queridos mesmo depois da partida covarde que eles tiveram.

Os memoriais ficam existindo de forma constante para quebrar a naturalização do genocídio e a violência de Estado que retira filhos das suas mães e jovens de seus sonhos de forma tão precoce e traumática. A Iniciativa Direito à Memória e Justiça Racial acredita que essa forma de expressão produz denúncia ao mesmo tempo em que possibilita o fortalecimento de redes de acolhimentos que caminham ao lado dessas mulheres.
Na memória em Belford Roxo, o jovem Carlos Henrique está presente na luta de sua mãe Elizabeth Santos, e no memorial artístico que leva seu nome. Carlos Henrique presente!
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